segunda-feira, 20 de junho de 2011

Os bastidores do jornalismo na invasão José Alencar


Acompanhar de perto todo o caso da invasão José Alencar, rendeu muitas histórias, envolvendo principalmente a imprensa. Alguns episódios são dignos de comédia. Nem mesmo eu consegui escapar dessas furadas.

Na segunda feira passada, foram várias. Vamos lá.

Ao chegar à invasão, junto com a equipe da SEMCOM, fomos conversar com os líderes. Claro que estávamos preocupados com a nossa integridade física. Afinal, “representávamos” a prefeitura e o que mais os invasores queriam era encontrar alguém do poder público, para que pudessem dar uma solução. Logo na entrada fomos abordados por alguns invasores e veio a tradicional pergunta: “De onde vocês são?”. Como sempre falamos que fazemos parte de um órgão de comunicação e que enviamos nossas matérias a todos os veículos de TV e impresso (o que não é mentira). Fomos autorizados a entrar, mas a sensação de alívio passou rápido. Foi só chegar perto do grupo, cerca de 400 pessoas, que um indivíduo sai lá do meio da multidão e dispara: “Ei pessoal, abram passagem que chegou a equipe da SEMCOM, é a moçada do prefeito...” Pronto! O disfarce tinha ido por água abaixo. Momentos de tensão!!! Mas diferente, do que esperávamos, não fomos tratados com rispidez.

Vou falar com Paulino, um dos líderes da invasão e pergunto: “O que vocês pretendem fazer, agora que o juiz decidiu que devem sair daqui?”. Então ele se dirige aos invasores e diz: “Olha aí pessoal, o repórter quer saber se vamos sair daqui.” Aí ele vira pra mim novamente e pergunta: “Sair daqui, onde?”. Nunca o cérebro trabalhou tão rápido. A vontade era dizer “aqui da invasão”, mas na hora do cagaço saiu apenas: “Aqui, da José Alencar”. Ufa... era o q faltava para ser aceito entre os invasores. O líder voltou ao seu público: “Ahhhhhhh, ele está se referindo ao BAIRRO José Alencar”, e todos aplaudiram....

Ânimos exaltados, mulheres grávidas, crianças chorando, ameaças, mas quando tudo parecia tranqüilo, lá chega a TV A Crítica. Os repórteres da emissora (TV e impresso) já haviam sido “expulsos” do local e a repórter do jornalismo da TV nem se atreveu a chegar perto. Gravou a passagem a quase dois quilômetros de distância. Mas eis que surge a equipe do Alô Amazonas, devidamente paramentados com colete a prova de balas e bota sete léguas. Foi o estopim para o fim da paz entre imprensa e invasores. Nessa hora todo mundo é nivelado, e o pior é que é por baixo. Berros de que a imprensa não prestava, distorcia as informações, era mentirosa.

Em pouco tempo, a repórter foi cercada pelos invasores. Em vão, tentava a todo custo, convencê-los que ela estava ali para mostrar o lado deles. Foi preciso um representante da SEMMAS conter os ânimos para que a equipe não fosse agredida. Na ponta extrema a toda essa confusão, todos os outros repórteres se espocavam de rir. A cena era hilária mesmo....

Ao logo do dia foram mensagens e mais mensagens pelo twitter. Gracinhas e piadinhas a respeito da nova moda lançada na invasão, e que parece se espalhar pelo país, já que na edição de hoje do Bom Dia Brasil, um analista em segurança pública fez uma participação no jornal, falando ao vivo do Morro da Mangueira (pacificado ontem) com um coletão bonito, azul anil, paramentado como se estivesse em zona de guerra. Já não estava pacificado, por que o colete??? É cada uma...

Mas voltando aos casos do jornalismo baré, sexta feira mais histórias. Era o dia da reintegração. Nervos a flor da pele. Todos os veículos estavam lá. Alguns ainda dormiram na invasão, esperando que o papoco estourasse logo cedo. Pra jornalista, quanto maior a desgraça, maior é a audiência. E não venham com o falso moralismo dizendo que não é bem assim, porque é... o público gosta de ver sangue, confusão... Mas não foi bem assim que a história desenrolou.

A polícia iniciou a operação por volta das 9h. Sol escaldante, floresta extremamente úmida... desmancha maquiagem, desmancha cabelo. As belas repórteres vão se desmontando e em pouco tempo, nem pareciam tão belas rsrsrsrs Mas enfim... de repente, aparece um helicóptero preto, traços dourados, ninguém sabia quem era. Para espanto geral, era nada mais, nada menos que o repórter da Voz da Esperança... que chique neh? Repórter chegar na invasão de helicóptero. Mais uma vez, caiu na boca da imprensa, já cansada de esperar pela ação e sem nada pra fazer...

E quando só o que resta é esperar, a conversa rola solta. Em um grupo de repórteres femininas, ouvi relatos sobre novos produtos eróticos, todos testados durante o dia dos namorados. Óleos que aumentam a libido, o prazer, e até aceleram o orgasmo. “Amiguinhos” que vibram, de borracha, de plástico... Eita povinho bem informado essas meninas...

E tudo sendo socializado em plena invasão, enquanto a polícia decidia se entrava ou não...

Bom, a invasão acabou, mas as histórias serão temas de vários e vários encontros entre os jornalistas que por lá passaram.... E olha que essas não são nem a metade!!!!

2 comentários:

  1. o povo do amazonas tem que se da respeito onde já si viu fazer isso com a imprensa. e outra eles estão errados.

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  2. Hahahahaha, muito legal o texto, uma forma descontraída de se conhecer o cotidiano da profissão. Ainda mais agora que estou a 10 dias de começar mais um passo pra entrar nesse meio, tão falado (as vezes mal ¬¬ ) mas tão querido.
    Grande abraço parceiro

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